Igreja Adventista do Sétimo Dia de Americanópolis


Quem crê nunca morrerá

“Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em Mim, ainda que morra, viverá; e todo aquele que vive, e crê em Mim, nunca morrerá. Crês tu isto?” (João 11:25, 26)

Tem algo de “errado” nesta declaração de Jesus, que já me incomodou por muitas vezes. Primeiro, Ele afirma que “quem crê, ainda que morra, viverá”. Então, é possível que um crente morra, certo?! E pra isso ele precisa estar vivo, certo?! Em outras palavras: quem vive, e crê em Jesus, pode (e provavelmente vai) morrer, certo?!

Mas logo em seguida, Jesus continua: “quem vive, e crê em Mim, nunca morrerá”. Que indecisão, Senhor! Morrerá ou não morrerá?

Tenho notado uma característica peculiar de Cristo que pode ser uma dica para começar a captar esta aparente manifestação de bipolaridade: a rapidez com que Ele transitava entre o terrestre e o celeste, entre o físico e o espiriual, entre o humano e o divino, era impressionante! Jesus estava cem por cento à vontade em ambas as esferas. Ele migrava das coisas efêmeras para as eternas, numa agilidade que “confunde os sábios”.

Então, Ele era capaz de dizer com naturalidade e sem contradição: “quem crê em Mim, ainda que morra fisicamente, viverá outra vez; e quem vive espiritualmente, e crê em Mim, nunca morrerá a morte eterna.” O Homem que é Deus começava a frase falando da Terra e terminava descrevendo o Céu! Seu pensamento não podia ser afastado da eternidade.

Você se lembra do Sermão da Montanha? A escritora Ellen G. White, inspirada por Deus, descreveu a ocasião assim:

“As bem-aventuranças foram a Sua saudação à família humana toda. Olhando para a vasta multidão reunida para ouvir o Sermão da Montanha, parecia Ele por momentos haver-Se esquecido de que não estava no Céu, e empregou a saudação usual no mundo da luz. De Seus lábios brotaram bênçãos como o jorro de uma fonte havia muito fechada.” (Educação, p. 79, itálico acrescentado)

Percebeu? Ela diz que parecia que Jesus tinha Se esquecido de que estava na Terra, então Ele Se pôs a falar a linguagem do Céu! A multidão ali deve ter ficado maravilhosamente confusa quando o Criador do Universo começou a proferir as palavras que os anjos estão acostumados a ouvir: “Bem-aventurados!” Tudo no Céu transborda bênção, e na encosta daquela montanha há dois milênios, a maldição do pecado foi anulada, e pelas palavras de Jesus a raça caída foi transportada novamente à esfera celestial, ao mundo da luz, ao país da bênção.

Décadas depois, o apóstolo João receberia de Deus visões reveladoras sobre o destino do mundo. Num dos momentos mais empolgantes da revelação, registrado no capítulo 14 de Apocalipse, ele vê três anjos, um após o outro, voando pelo meio do céu, carregando mensagens relacionadas ao povo de Deus no tempo do fim. O próprio estabelecimento da Igreja Adventista do Sétimo Dia e seu propósito missionário se baseiam significativamente na proclamação das importantíssimas mensagens destes três anjos. A apoteose desta visão de tirar o fôlego é interrompida por uma voz – a voz do próprio Deus – que fala com João:

“Então ouvi uma voz do céu, que dizia: Escreve: Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, pois as suas obras os acompanham.” (Apocalipse 14:13)

Você reconhece aqui a “saudação usual no mundo da luz”? “Bem-aventurados os mortos”. O Filho do Homem, Filho de Deus, tem um recado para o “povo do advento”. Como de costume, usando a linguagem do Céu – a bênção, Ele começa abordando a morte física, mas termina erguendo o pensamento de Seu povo escolhido para a recompensa!

Vire algumas páginas da Bíblia para encontrar o Senhor Jesus novamente proferindo bênção; falando outra vez sobre morte, ressurreição e vida eterna:

“Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com Ele durante os mil anos.” (Apocalipse 20:6)

A morte não é o que parece! A vida em Cristo é muito mais do que parece! O convite insistente de Deus é para que nossa mente seja renovada se mantendo nas “coisas do alto”, na esfera daquilo que é eterno.

Bem-aventurados seremos nós se aceitarmos este convite.

por Ederson Peka