Igreja Adventista do Sétimo Dia de Americanópolis


Mefibosete

Ele era o neto de Saul, rei de Israel. Seu pai, Jônatas, seria o provável herdeiro do trono. Mas sua vida mudou de repente, no dia em que ambos – Saul e Jônatas – foram mortos em batalha. A babá do pequeno Mefibosete, assim que recebeu a notícia, temendo a violência dos inimigos do rei, fugiu apressadamente carregando a criança. A pressa era tanta que Mefibosete acabou caindo do colo da babá e fraturando os dois pés. Naquela época, isso significava que ele nunca mais voltaria a andar.

No entanto, as necessidades especiais de Mefibosete iam muito além das limitações físicas. Seu nome significava algo parecido com: “aquele que saiu da boca de uma coisa vergonhosa”. Ele passou a viver como um fugitivo, escondido de Davi, o novo rei de Israel. A auto-imagem dele era péssima! Se você lhe pedisse para se definir em poucas palavras, provavelmente ouviria uma resposta amargurada do tipo: sou apenas “um cão morto” (II Samuel 9:8)…

Por isso, quando Davi finalmente descobriu o paradeiro de Mefibosete e ordenou que ele fosse trazido ao palácio, a tensão desse encontro era evidente. Aquele jovem não esperava receber do rei muito mais do que vingança e morte. Talvez antecipasse a zombaria e o escárnio; talvez imaginasse até um pouco de pena… Ele só não estava preparado para o que se seguiria: uma demonstração incontestável da desconcertante Graça divina!

Movido pelo Espírito Santo, Davi tinha como objetivo único “mostrar a bondade de Deus” (verso 3). O rei não via seu servo como um inimigo, nem mesmo como um deficiente ou um incapaz, porém “como um dos filhos do rei” (verso 11). Afinal, o próprio Davi – que foi escolhido para o trono mesmo não sendo o mais notável entre seus irmãos – sabia muito bem que “o Senhor não vê como vê o homem: o homem vê a aparência, mas Deus vê o coração” (I Samuel 16:7).

Davi tinha compreendido de verdade que nada pode ser mais inclusivo do que o reino da Graça. Foi assim que ele celebrou em seu cântico de inclusão espiritual: “Preparas-me uma mesa na presença de meus inimigos” (Salmo 23:5). E era assim que ele vivia o seu salmo na prática: separando para Mefibosete um lugar em sua própria mesa (II Samuel 9:10). A partir de então, contemplado pela cota inesgotável da Graça divina, Mefibosete seria conhecido pela quantidade incompreensível de bondade que havia recebido, e não mais por suas incapacidades e deficiências.

Afinal, ninguém consegue ver suas pernas tortas quando você está assentado à mesa do Rei…

por Ederson Peka